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Nazaré e os spots de surf imperdíveis de Portugal, uma viagem ao coração do Atlântico selvagem

Nazaré e os spots de surf imperdíveis de Portugal, uma viagem ao coração do Atlântico selvagem

O surf português conquistou o coração de entusiastas de todo o mundo. Ao longo da costa atlântica, o oceano transforma-se numa arena natural onde o homem se mede com ondas de tirar o fôlego. No epicentro desta revolução encontra-se Nazaré, uma pequena aldeia de pescadores que se tornou a capital mundial do surf de ondas gigantes ! Mas Portugal não se resume a este colosso : de norte a sul, o país oferece uma variedade impressionante de spots, desde ondas suaves ideais para iniciantes até tubos lendários reservados aos surfistas mais experientes.

Nazaré,
o palco das ondas gigantes

O despertar de uma lenda

Em 2011, uma imagem percorreu o mundo : o norte-americano Garrett McNamara desceu uma onda de 23,77 metros em Nazaré. Num instante, esta aldeia de 15 mil habitantes entrou para a história e mudou de dimensão para sempre. Alguns anos depois (em 2020) o alemão Sebastian Steudtner escreveu o seu nome no panteão do surf ao domar uma onda de 26,21 metros…a maior alguma vez surfada !

Por trás destes feitos está um segredo geológico : o cânion da Nazaré. Esta fenda submarina, com 200 km de comprimento e 5000 metros de profundidade, funciona como um verdadeiro funil canalizando as ondulações do oceano e amplificando a sua força até a Praia do Norte. O resultado ? Ondas titânicas, rápidas e imprevisíveis e que parecem surgir do nada !

A temporada dos gigantes

De setembro a abril, a costa transforma-se num anfiteatro natural. Duas a três vezes por ano, as condições perfeitas alinham-se : mar grosso, direção noroeste e vento offshore moderado. As falésias do Sítio (acima do farol) tornam-se bancadas para milhares de curiosos que vêm assistir a este espetáculo extremo.

O Tudor Big Wave Challenge é o ponto alto desta temporada. Lendas do surf de ondas grandes, como Justine Dupont, Kai Lenny ou Nic Von Rupp, desafiam monstros líquidos, enquanto o público vibra a cada manobra. Mais do que uma competição…é uma celebração do oceano e da sua grandiosidade.

A alma marítima preservada

Apesar da fama, Nazaré manteve a sua essência de vila piscatória. Na Avenida Marginal, as peixeiras continuam a secar sardinhas, carapaus e polvos em tabuleiros de madeira, como há séculos. Nas tascas, a caldeirada acompanha os peixes grelhados e o arroz de marisco, pratos servidos em mesas generosas e acolhedoras, como na Taberna d’Adélia ou na A Celeste. Aqui, a gastronomia é tão tradicional quanto as histórias do mar que se partilham à volta das mesas.

Peniche e Supertubos,
o epicentro do surf profissional

A cerca de 90 km no norte de Lisboa, Peniche projeta-se no Atlântico como uma sentinela. Antiga fortaleza piscatória, a península tornou-se a capital do surf português. O nome que ressoa é : Supertubos.

Este beach break, onde as ondas se formam sobre fundo de areia, é temido pelos surfistas experientes devido aos tubos rápidos e cavados, comparáveis aos de Havai. Todo outono, acolhe o MEO Rip Curl Pro Portugal, única etapa europeia do Championship Tour. Desde 2009, nomes como Italo Ferreira e Caitlin Simmers deixaram a sua marca neste spot.

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Mas Peniche não é só para profissionais; em Baleal, uma baía ampla oferece ondas ideais para aprender, enquanto Lagide e Almagreira apresentam direitas potentes para os mais experientes. Cada praia tem o seu caráter, tornando Peniche um verdadeiro laboratório natural de surf.

Fora de água, a vida mantém-se simples : pescadores e surfistas convivem em cafés que se transformaram em surf shops, e as ruas ganham vida ao ritmo das roupas de neoprene ainda molhadas. Aqui, vive-se com o sal na pele e o vento nos cabelos.

Ericeira,
a primeira reserva mundial de surf da Europa

A poucos quilómetros de Lisboa, Ericeira revela casas brancas viradas para o mar. Em 2011, tornou-se a primeira reserva mundial de surf da Europa, juntando-se a destinos icónicos como Malibu.

Ao longo de 5km de costa alinham-se sete spots internacionais : Pedra Branca, Reef, Ribeira d’Ilhas, Cave, Crazy Left, Coxos e São Lourenço. Cada um com personalidade própria. Ribeira d’Ilhas, com a sua baía extensa e regular, acolheu o primeiro campeonato nacional em 1977 e continua a ser emblemática. Coxos, por sua vez, é reservado aos mais experientes : direitas rápidas e potentes, das mais técnicas do continente.

Ericeira é mais do que ondas; é uma comunidade unida que preserva o seu meio. Os nutrientes trazidos pelas correntes favorecem uma biodiversidade excecional, e o reconhecimento internacional é mais do que prestígio : é um compromisso ambiental. Cada sessão de surf aqui lembra que o desporto é inseparável da proteção do oceano.

Costa Vicentina,
o tesouro selvagem do sul

Descendo para as regiões do Alentejo e do Algarve, a costa torna-se bruta e mais selvagem. O Parque Natural da Costa Vicentina protege dezenas de quilómetros de falésias e praias virgens, oferecendo uma experiência de surf longe das multidões.

Arrifana, numa baía em meia-lua rodeada de falésias douradas, é considerada uma das joias do sul; suas ondas acolhem tanto iniciantes quanto surfistas experientes. O ambiente mantém-se autêntico, com casas brancas observando tranquilamente os surfistas ao pôr do sol.

Mais a sul, Amado surge como a “pequena Califórnia portuguesa”; com bares de praia e escolas de surf, oferece uma atmosfera descontraída. Protegida naturalmente, proporciona ondas regulares durante todo o ano,  ideal para progredir com segurança.

Sagres,
no fim do mundo

No extremo sudoeste europeu, Sagres dá a sensação de estar no fim do mundo. Falésias mergulham no Atlântico, e o vento conta histórias das explorações marítimas do século XV.

Hoje, são os surfistas que perpetuam este espírito de aventura. Tonel, exposto à força total do Atlântico, apresenta ondas poderosas; enquanto Beliche, numa enseada mais protegida, oferece terreno suave para iniciantes.

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Ao cair da noite, o Cabo de São Vicente transforma-se num espetáculo : o sol mergulha no Atlântico, criando luz e silêncio que muitos consideram dos mais belos da Europa.


Dicas Práticas

Sazonalidade

Verão (junho-agosto) : ondas suaves e clima ameno, perfeito para iniciantes.
Outono-inverno (setembro-abril) : mar grosso ideal para surfistas experientes.
Primavera (março-maio) : equilíbrio entre qualidade das ondas, menos multidão e temperaturas agradáveis.

Equipamento

A temperatura da água varia entre 14°C (inverno) e 20°C (verão).

Verão : fato 3/2 mm suficiente.
Inverno : 4/3 mm ou 5/4 mm para sessões mais longas.

Portugal é, assim, um destino de surf praticável durante todo o ano, ao contrário das águas frias do norte da Europa (pois, é uma verdadeira sorte para quem ama surfar !)

De Nazaré às enseadas selvagens da Costa Vicentina, passando pelos tubos de Supertubos e as direitas lendárias de Coxos, Portugal oferece uma diversidade incrível de spots. Mas para além das ondas é um património marítimo vivo.

Tradições de pesca coexistem com competições internacionais, a gastronomia e as lendas locais enriquecem a experiência, e a hospitalidade portuguesa transforma cada sessão de surf numa verdadeira imersão cultural. Portugal não é apenas um destino de surf, é uma viagem, um convite ao Atlântico e um encontro com a sua grandeza.


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