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Semana da Moda de Lisboa, a Criatividade lusitana em destaque

Semana da Moda de Lisboa, a Criatividade lusitana em destaque

Descubra a Semana da Moda de Lisboa, os criadores, tendências e momentos marcantes da ModaLisboa. Cultura, inovação e estilo português.

Par Jennifer Almeida

Quando Lisboa se veste de criador e suas ruas se tornam passarelas, sabe-se que a ModaLisboa, ou seja, a Semana da Moda de Lisboa, está de volta ! A cada estação, não é apenas uma celebração da moda, mas um momento em que a identidade portuguesa, a inovação, a arte e a cultura local se cruzam… Neste artigo, levamo-lo aos bastidores da Semana da Moda de Lisboa, para que saiba tudo o que precisa saber sobre este evento de alta costura e, acima de tudo, porque deve estar presente !

ModaLisboa : as origens de um sonho Português

O mito começa em 1991, quando dois apaixonados, Eduarda Abbondanza e Mário Matos Ribeiro, decidem lançar a ModaLisboa : a primeira semana da moda independente em Portugal. O primeiro desfile ocorre em março de 1991 no Teatro São Luiz (bairro do Chiado)… Aos poucos, a ModaLisboa se instala como a voz da moda portuguesa; aquela que ousa, experimenta e questiona.

Ao longo dos anos, muda de local : Mercado da Ribeira, Centro Cultural de Belém, Pavilhão Carlos Lopes, MUDE (Museu do Design), Pátio da Galé… Cada mudança de local é também uma forma de se aproximar do público, de misturar a arquitetura, a história de Lisboa, ao espetáculo da vestimenta.

O presente, ModaLisboa “CAPITAL” (Edição 64, Março de 2025)

Para a 64ª edição, o tema é “CAPITAL”, uma palavra carregada de significado, abordada sob várias facetas… Geográfica (Lisboa como capital), criativa, cultural, social, económica, humana : cada “capital” é uma lente para pensar a moda hoje.

De 6 a 9 de março de 2025, Lisboa vibrou ! Entre desfiles, exposições, workshops, “Fast Talks”, pop-up stores e instalações artísticas… tudo organizado em vários locais icónicos como Pátio da Galé, MUDE (Museu do Design) e o Centro de Arte Moderna Gulbenkian (CAM).

Por exemplo, no programa, o concurso “Sangue Novo apoiado pela Seaside” continua a desempenhar um papel central : é destinado aos jovens criadores. Como o nome indica (literalmente “sangue novo”), este concurso permite-lhes apresentar o seu trabalho, ser mentorados e ganhar visibilidade. Esta edição permitiu aos finalistas deste concurso apresentar coleções amadurecidas, testemunhando o apoio estruturado à nova geração.

As “Fast Talks” e “Diálogos” também são momentos preciosos : não são apenas desfiles, mas conversas sobre temáticas atuais importantes; sustentabilidade, responsabilidade social, tecnologias na moda.

© thecooltours

Os criadores a seguir, os talentos que marcam !

Cada edição destaca rostos conhecidos, mas também vozes novas. Entre os mais aguardados este ano.
Constança Entrudo : a sua coleção “Second Best” foi apresentada no CAM. Gosta de misturar referências, materiais e questiona o belo e o útil.
Gabriel Silva Barros, Duarte Jorge e Ihanny Luquessa : são os jovens designers finalistas do concurso “Sangue Novo”, representam exatamente este sopro novo; esta mistura entre criatividade conceptual e desejo de estar no real comercializável, “usável”.
Marcas já estabelecidas como Valentim Quaresma, Nuno Baltazar, Inês Barreto, Luis Onofre, Alves/Gonçalves : jogam tanto com o legado, a experimentação, o artesanato e o luxo contemporâneo.

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Uma comparação com a Paris Fashion Week, humildade e autenticidade

Paris, capital incontestada da Moda, impressiona pelos seus grandes shows, suas casas históricas, mas também pelo seu peso na indústria internacional. A Semana da Moda de Lisboa não tem (ainda) essa amplitude, mas é precisamente isso que a torna diferente; mais próxima do seu público.

Em Lisboa, é mais íntimo; sente-se as ruas, os cafés, os artesãos, a proximidade das pessoas… Vê-se criações que respiram Portugal, influências tradicionais, artesanato e saber‑fazer local; mas também modernidade, desafios contemporâneos (ética, sustentabilidade, nova identidade visual). Ao contrário de Paris, onde muitas vezes o extraordinário predomina, em Lisboa, é também a sinceridade, o carácter e o “é feito aqui, com o que temos”.

O que a moda traz a Portugal

ModaLisboa é mais do que uma montra… ela atua como um catalisador :

Visibilidade internacional : os meios de comunicação, os compradores estrangeiros, os influenciadores vêm ver o que se faz aqui, o que obviamente aumenta as chances de exportação.

Economia local : têxtil, couro, bordado, impressão têxtil, acessórios; muitos ofícios se mobilizam! Os excedentes de tecidos, a procura por materiais sustentáveis, estimulam a inovação.

Cultura e identidade : a moda torna-se um vetor de reconhecimento cultural. O artesanato, os padrões tradicionais e o património visual português são frequentemente revisitados, o que reforça o sentimento de pertença e conserva a autenticidade da identidade lusitana.

Juventude, pedagogia, comunidades : pelo concurso Sangue Novo, pelos workshops, pela participação de jovens alunos de escolas de moda, é um local onde se forma o futuro.

Algumas histórias e momentos marcantes

Ao longo dos anos, a ModaLisboa tem sido palco de momentos marcantes que contribuíram para criar e moldar a identidade da moda portuguesa. Entre eles, algumas iniciativas sustentáveis chamaram particularmente a atenção; o exemplo mais emblemático é sem dúvida o de Joana Duarte (fundadora da marca Behén) que construiu todo o seu universo em torno da reutilização de têxteis antigos: toalhas de mesa bordadas, rendas e roupas de casa herdadas de gerações passadas, etc… As suas criações, ao mesmo tempo nostálgicas e vanguardistas, ilustram perfeitamente a alma da ModaLisboa: uma moda consciente, enraizada na cultura portuguesa mas também voltada para o futuro!

Outro momento forte: a apresentação do projeto  Beat by Be@t, é uma plataforma dedicada à inovação e à sustentabilidade. Vimos colaborações como “Eclosão” de Adriana Oliveira em parceria com Cordeiro e Campos, que exploram novas formas de produzir utilizando materiais provenientes de excedentes ou de “dead stock”. Este tipo de iniciativa prova bem que a Semana da Moda de Lisboa não é apenas uma montra de tendências, mas também um laboratório criativo onde a consciência ecológica e a estética se encontram.

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Por fim, para além das passarelas, são frequentemente as trocas, os workshops e os encontros que marcam os espíritos. Os jovens criadores encontram ali um espaço de expressão raro, e o público descobre outra faceta de Portugal: aquele de um país que, ao mesmo tempo que honra o seu vasto património têxtil e artesanal, se reinventa com audácia e autenticidade.

Dicas para viver a ModaLisboa como um local

Se está a pensar em ir, aqui ficam algumas dicas para aproveitar ao máximo o evento !

Verifique o programa assim que sair ! As datas, locais, quem desfila, onde e quando. Algumas atividades são gratuitas ou acessíveis com simples reserva (Fast Talks, workshops) e pode valer a pena assistir.

Chegue cedo ou com antecedência aos locais dos desfiles: os shows não são todos gigantescos, mas a atmosfera conta! Prepare-se, consoante o tempo, Lisboa pode ser ventosa ou chuvosa em março.

Não se contente apenas com os desfiles: visite os pop-ups, as lojas temporárias, as exposições ou ainda as intervenções artísticas. É aí que descobre os detalhes, as peças únicas mas também descobrirá outra faceta da moda.

Use roupas que lhe representem mas também onde se sinta confortável ; que lhe permitam caminhar, tirar fotos, sentir a moda sem se sentir estranho.

Por fim, aproveite a cidade ao máximo! Lisboa, com os seus elétricos, miradouros, cafés, pequenas lojas de criadores… vivê-la durante a Fashion Week é ter a sensação de que ela vive ao ritmo da criação.

Perspectivas e Desafios

A ModaLisboa evolui num mundo que muda rapidamente. Os desafios são muitos: sustentabilidade, cadeias de produção éticas, visibilidade digital, pressão sobre os custos, inclusão… O custo de produção, o custo dos materiais, a concorrência internacional são reais. Mas o potencial é forte ! As marcas portuguesas sobem em qualidade e visibilidade; a procura mundial por “made in Portugal”, artesanal, autêntico, está a crescer fortemente.

Há também o desafio de tornar a ModaLisboa acessível a todos: não apenas aos profissionais, mas ao grande público, seja residente, expatriado ou viajante. Os esforços para multiplicar as atividades de acesso livre, os pop-ups pela cidade, as exposições na rua, os cafés modulares com moda, são tantas as chaves para o fazer. Então, o que está à espera ?

JDA