
Imagine-se neste verão, à beira de um lago português, cabelo ao vento, pés descalços na relva (sim, já que estamos, o melhor é ficar confortável !) À sua volta, milhares de pessoas vindas dos quatro cantos do mundo, reunidas para dançar ao som da psy-trance, mas também (e sobretudo) para celebrar um compromisso : viver o espírito de festival respeitando o planeta. Bem-vindo ao Boom Festival !
Porque é que este festival se destaca ?
O Boom Festival realiza-se de dois em dois anos em Idanha-a-Nova (distrito de Castelo Branco), em Portugal. Mas não é “só” um festival de música : é uma experiência híbrida entre trance, arte visual, workshops de desenvolvimento pessoal, ecologia radical e comunidade internacional, o pacote completo !
Trance + natureza = experiência dupla
De um lado, a música : psy-trance, live sets, DJs internacionais, várias áreas como o “Dance Temple”, “Alchemy Circle”, “Being Fields”… Do outro, a ecologia : modo “lixo zero”, energia solar/eólica, casas de banho sem produtos químicos, tratamento de água, permacultura… Não, aqui não se finge. Sim, é possível festejar até de madrugada e salvar uma árvore na manhã seguinte (bom, quase !).
Um dia no Boom (como se lá estivesse)
Chega ao festival ao fim da tarde. O sol desce lentamente por trás das colinas, os sons já começam a vibrar. Larga a mochila, tira os sapatos (ou guarda-os para o set da meia-noite). Caminha até ao “Dance Temple” : graves profundos, luzes estroboscópicas, silhuetas que flutuam, dançam, quase voam. Respira : o ar cheira a terra, a plantas, a som, todos os seus sentidos despertam ! Ao lado, um stand oferece comida biológica local. Sai de lá com uma taça de algo que provavelmente não pediria na sua cidade (mas aqui faz sentido, por que não experimentar ?). Atravessa um ateliê de arte visual, vê instalações luminosas e pára para observar. A mensagem : o planeta é belo, e a festa também.
Quando a noite cai, está nos “Chill-Out Gardens”, deitado numa manta, a olhar as estrelas, ouvindo uma sessão ambient enquanto outros dançam mais longe. Na manhã seguinte, em vez de acordar com dor de cabeça, levanta-se com um café de comércio justo, debaixo das árvores (sim, é cliché, mas é um bocado assim). Participou numa festa + num movimento. Nada mau, pois não ?

Eco-compromisso e propósito
O Boom Festival não brinca com o planeta. O lema “No waste” não é decorativo : há ecopontos + estações de lavagem, energia renovável e muita sensibilização. E o bónus : nada de patrocinadores gigantes a bombardear com anúncios “Compre isto”. O Boom é independente, sem grandes logótipos por todo o lado. E isso sabe mesmo bem !
Porque é que faz bem ?
Porque estamos fartos de festivais cheios de brilho e onde o planeta é só um conceito. Aqui, dá para combinar verdadeiramente “férias, música, diversão” + “valores, natureza, sentido”. Porque sim, queremos dançar, mas sem esquecer que o mundo à volta existe. Porque somos de uma geração que quer groove e compromisso, e é possível ter os dois (pelo menos durante alguns dias !). E sejamos honestos… dançar no meio da floresta portuguesa, com os pés ligeiramente húmidos de relva, bom som e sorrisos à volta ? É outra coisa, muito melhor que um bar de cocktails.
Informações práticas
O festival realiza-se bienalmente : a próxima edição está marcada para julho de 2026 (ótimo, está quase, por isso toca a reservar !)
Local : Idanha-a-Nova (só o cenário já convida a respirar).
Reserve cedo (os bilhetes esgotam rápido) e pense no alojamento (campismo no local ou estadia nas redondezas).
Recomenda-se calçado fechado ou semi-aberto (terreno natural + às vezes lamacento).
Leve protetor solar, cantil (sim, é preciso ser responsável).
E seja curioso : durante o dia há workshops, palestras, yoga… não é só festa à noite !
O Boom Festival não é apenas mais um festival. É um momento onde a trance encontra a consciência, onde a festa se torna ação. Onde o planeta, mesmo que por alguns dias, deixa de ser pisado e passa a ser respeitado. Por isso, se procura um evento que o faça vibrar e pensar, que misture a pista de dança com o campo e o canto dos pássaros, o Boom é para si ! E não se esqueça : dance como se ninguém estivesse a ver… porque é isso também a magia do Boom (e afinal, quem se vai lembrar de como dançava ?). Peace !
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