Portugal não encanta apenas pelas suas praias ensolaradas, pela gastronomia generosa ou pelo seu património histórico. Por detrás das ruelas coloridas e dos azulejos cintilantes, esconde-se uma riqueza por vezes menos visível, mas igualmente fascinante : o design. Discreto, requintado e, por vezes, arrojado, o design português reflete uma identidade única, no ponto de encontro entre a tradição artesanal e a modernidade contemporânea. E digamos as coisas como elas são : é difícil não se deixar conquistar por este equilíbrio entre simplicidade e elegância!

De Lisboa ao Porto, passando pelas aldeias onde perduram saberes seculares, o design conta uma história, a de um país que inova sem renegar as suas raízes. Cada objeto, seja um móvel, um acessório ou um têxtil, carrega em si uma parte da alma portuguesa, uma homenagem à memória e ao artesanato local. Acho que aqui até uma simples cadeira tem algo para contar ! Entremos juntos neste universo onde a sobriedade encontra a elegância, onde a inovação se inspira no passado e onde o design se torna uma verdadeira experiência para os olhos e para o dia a dia. Está pronto ? Vamos a isso !

Uma identidade forjada pela tradição

Em Portugal, o design não nasce em grandes fábricas, mas nas mãos dos artesãos. As cerâmicas do Alentejo, os azulejos pintados à mão, os tecidos da Serra da Estrela ou ainda os móveis em madeira maciça do interior do país formam a base desta identidade. Cada peça, muitas vezes produzida em pequenas séries, perpetua gestos transmitidos de geração em geração. É o “feito à mão” no sentido mais nobre da expressão e nota-se !

Estes objetos não são apenas funcionais: contam uma história. Um prato pode refletir um saber-fazer com séculos de existência; um móvel em carvalho pode incorporar técnicas antigas de escultura. Os artesãos portugueses combinam minúcia, paciência e sentido estético, transformando cada criação num pequeno tesouro. E percebe-se logo porquê : aqui, até os objetos do quotidiano têm um ar de quem nasceu para ser admirado.

Os portugueses têm esse talento único de transformar a sua cultura em elementos de design. Os padrões dos azulejos, esses mosaicos coloridos tão emblemáticos, inspiram hoje papéis de parede modernos e azulejos de casa de banho contemporâneos. As cerâmicas tradicionais transformam-se em objetos decorativos depurados, e os têxteis herdados do passado, como as mantas tecidas à mão, reinventam-se em interiores modernos. Resultado : uma combinação harmoniosa entre nostalgia e ousadia.

O design português é, portanto, muito mais do que uma simples estética : encarna a memória, a cultura e o sentido do belo, adaptando-se às necessidades e aos gostos atuais. É uma lição de equilíbrio entre passado e presente… que muitos designers estrangeiros bem poderiam invejar (e, aliás, penso que é precisamente esse design enraizado no património que tanto encanta os viajantes !).

A assinatura portuguesa

Ao contrário do minimalismo, por vezes frio, associado ao design escandinavo, o design português cultiva uma sobriedade acolhedora. As linhas são puras, mas os materiais naturais trazem suavidade e autenticidade. A cortiça, por exemplo, tornou-se uma verdadeira assinatura nacional, usada tanto no mobiliário como nos acessórios ou até na moda (já conhecia as malas de cortiça ? sinceramente, não são nada más e ainda dão um toque de estilo !). Pois é, a cortiça não serve apenas para tapar garrafas !

Esta abordagem permite criar espaços e objetos que respiram, que são simples mas acolhedores, e que se integram perfeitamente em interiores contemporâneos, mantendo-se profundamente portugueses. É bonito, prático e, além disso, respira a dolce vida lusitana !

Os criadores portugueses inspiram-se diretamente nas paisagens que os rodeiam. O azul profundo do oceano, o branco intenso das fachadas alentejanas, o dourado do sol ou ainda o verde das colinas do Douro encontram-se nas coleções de mobiliário, têxteis e decoração. Cada tonalidade parece contar um pedaço do país e, por vezes, até um estado de espírito (dependendo do artesão). Esta paleta dá aos objetos uma dimensão poética e imersiva. Comprar um objeto português não é apenas possuir algo material : é levar consigo um pedaço do país, uma lembrança visual e sensorial da sua paisagem… um pouco como um postal que se pode pousar sobre a mesa da sala!

O design português na era da modernidade

Jovens criadores que reinventam o património

Uma nova geração de designers portugueses conseguiu dar um sopro contemporâneo a este legado. Em Lisboa, no Porto ou em Braga, estúdios como a Vicara, a Vista Alegre ou a Alma Gémea propõem coleções em que o design é inovador, respeitando sempre a matéria-prima local. Jovens que não têm medo de quebrar códigos, mas sempre com elegância. Estes criadores trabalham linhas modernas, móveis modulares, objetos decorativos depurados, inspirando-se em padrões tradicionais, texturas e cores típicas de Portugal. Conseguem o feito de tornar o design português internacionalmente atraente, sem perder a alma local. Mais concretamente, provam que é possível ser moderno sem trair as próprias raízes !

©almagemea

O casamento da tecnologia com o saber-fazer

Portugal não se limita a reproduzir o passado : enriquece-o com as tecnologias modernas! A impressão 3D de cerâmicas, o mobiliário modular ou o design sustentável ilustram perfeitamente esta capacidade de inovação. Quando a tradição encontra a tecnologia, nascem faíscas… ou melhor, verdadeiras maravilhas.

Os designers portugueses integram soluções modernas para tornar as suas criações funcionais, estéticas e ambientalmente responsáveis. Comprar um objeto português hoje é, portanto, apoiar simultaneamente o património e a inovação. Um belo gesto pelo planeta… e pela decoração !

Compras em Portugal, onde descobrir o design local?

Lojas e concept stores urbanos

Em Lisboa, a loja A Vida Portuguesa é paragem obrigatória para descobrir objetos que reinventam os clássicos da cultura nacional. Lá encontra-se louça tradicional, produtos artesanais e peças de decoração únicas. Um espaço onde cada prateleira cheira a nostalgia e bom gosto.

No Porto, espaços como The Feeting Room ou Cru Cowork destacam criadores emergentes, entre moda, acessórios e decoração. Estas lojas oferecem uma experiência de compras onde cada objeto conta uma história e permite ao visitante levar consigo uma recordação autêntica. Porque sejamos sinceros : é sempre melhor trazer uma bela peça do que um íman de frigorífico (é bem mais original e, convenhamos, o frigorífico da sua mãe já deve estar cheio de ímanes a apanhar pó!).

Feiras e exposições

O Lisbon Design Show e a Porto Design Biennale são dois dos grandes eventos para mergulhar na criatividade portuguesa. Estas iniciativas permitem conhecer os criadores, descobrir coleções inéditas e compreender o processo artístico por detrás de cada objeto. E, já agora, ficar com vontade de comprar tudo ! (sim, falo por mim também…)

Mercados artesanais

Por fim, é impossível sair de Portugal sem passear pelos seus mercados artesanais (as famosas “feiras”). Em Loulé, Óbidos ou Guimarães, os artesãos locais vendem peças únicas, muitas vezes impossíveis de encontrar noutro lugar. Desde roupa de casa a acessórios de moda, passando pela cerâmica e madeira trabalhada, estes mercados são uma verdadeira imersão na autenticidade portuguesa. Um conselho : leve espaço na mala, porque resistir é quase impossível! (e dica de amiga : leve dinheiro, há poucos vendedores que aceitam cartões).

O design português, reflexo de uma arte de viver

Mais do que um estilo, o design português é uma filosofia. Reflete a simplicidade de um povo próximo da natureza, o orgulho de uma cultura secular e a ousadia de um país que se abre ao mundo. É belo, é genuíno e é sincero, sem ostentação nem artifícios.

Quer se trate de um móvel minimalista em cortiça, de um prato Vista Alegre sobre uma mesa familiar ou de um tapete tecido à mão, cada criação conta uma história. Talvez aí resida o segredo do seu sucesso: o design português não procura impressionar, mas criar uma ligação. E é precisamente por isso que o adoramos !

Comprar ou descobrir o design português é participar nesta arte de viver, levar consigo um pedaço de cultura e prolongar a viagem muito para além das férias. É uma lembrança que não apanha pó, mas que embeleza o dia a dia.