Portugal não se descobre apenas por estrada ou de comboio. Banhado pelo oceano Atlântico e atravessado por rios majestosos, o país oferece também uma vasta rede de ferries e ligações marítimas que unem cidades, praias e ilhas.
Quer se pretenda atravessar o Tejo em Lisboa, navegar pela costa do Algarve ou explorar os Açores, o barco continua a ser um meio de transporte prático, económico e cheio de encanto.

Aqui fica um guia para compreender as principais travessias e aproveitar plenamente esta outra forma de viajar por Portugal.

As travessias do Tejo em Lisboa

Em Lisboa, os barcos fazem parte do quotidiano. Ligando as duas margens do Tejo, transportam diariamente milhares de habitantes e visitantes.
Os ferries Transtejo e Soflusa asseguram várias linhas entre os terminais fluviais de Cais do Sodré, Belém, Terreiro do Paço e Barreiro.

A travessia mais popular é entre Cais do Sodré e Cacilhas, na margem sul. Em apenas dez minutos, passa-se do centro de Lisboa para um bairro típico, onde os restaurantes de peixe se alinham junto ao rio.
Outras linhas, como Terreiro do Paço–Barreiro ou Belém–Porto Brandão–Trafaria, oferecem vistas espetaculares sobre a capital, a Ponte 25 de Abril e o Cristo Rei.

Os bilhetes compram-se no local ou com o cartão Viva Viagem, também válido para o metro e os autocarros. Os preços variam entre 1,50 € e 3 €, conforme a linha.
É uma experiência simultaneamente útil e poética — uma pequena viagem sobre a água no coração da cidade.

A costa sul: ferries e excursões no Algarve

O Algarve, famoso pelas praias douradas e falésias imponentes, também se descobre pelo mar.
Várias companhias locais organizam ligações e cruzeiros entre os principais portos, nomeadamente Lagos, Portimão, Albufeira, Faro e Olhão.

Uma das travessias mais conhecidas é a que liga Olhão ou Faro às ilhas da Ria Formosa: Armona, Culatra e Farol. Estas ilhas, acessíveis apenas por barco, oferecem praias preservadas e um encanto insular único.
Os ferries regulares partem de hora a hora durante o verão e custam entre 2 € e 5 €. Táxis marítimos privados permitem também chegar às ilhas mais rapidamente ou fazer paragens para observar golfinhos.

Em Lagos e Portimão, encontram-se igualmente excursões costeiras até às grutas de Benagil, verdadeiras catedrais marinhas esculpidas pelas ondas.
As viagens variam entre 30 minutos e 2 horas, conforme o percurso e o tipo de barco (catamarã, veleiro ou lancha rápida).

Navegar no Algarve é combinar descanso e descoberta: o sol, as falésias ocres e as águas turquesa criam um cenário inesquecível.

Os Açores: entre ilhas e horizontes infinitos

Situado no coração do Atlântico, o arquipélago dos Açores vive ao ritmo do mar.
Para viajar entre as ilhas, a rede Atlânticoline é indispensável. Esta companhia pública assegura ligações regulares entre as nove ilhas, nomeadamente São Miguel, Terceira, Faial, Pico e São Jorge.

As travessias são confortáveis, os barcos modernos e pontuais. No verão, a frequência aumenta, facilitando as deslocações entre as ilhas mais turísticas.
Os preços variam conforme a distância: entre 10 € e 40 €, consoante a linha e a época.
As viagens entre Horta (Faial) e Madalena (Pico) estão entre as mais conhecidas: apenas meia hora de navegação separa duas ilhas com personalidades bem distintas.

Além dos ferries, excursões marítimas permitem observar baleias e golfinhos, uma das experiências imperdíveis dos Açores.
Navegar aqui é sentir a força do Atlântico, entre vulcões, neblina e luz mutante.

Dicas práticas para viajar de barco

• Verifique os horários, pois algumas linhas funcionam apenas no verão.
• Chegue ao cais 15 minutos antes da partida.
• Leve um casaco: mesmo no verão, o vento pode ser fresco no convés.
• Reserve com antecedência para os Açores, sobretudo na alta temporada.
• E, claro, mantenha a câmara à mão: cada travessia oferece uma perspetiva única sobre Portugal.

Conclusão

O ferry, em Portugal, não é apenas um meio de transporte: é um convite à viagem.
Quer atravesse o Tejo em Lisboa, percorra a costa do Algarve ou ligue as ilhas dos Açores, o barco faz parte da alma portuguesa.
Liga margens, mas também culturas, paisagens e emoções.
Apanhar o ferry é escolher a lentidão e o prazer, entre o céu e o oceano, ao ritmo tranquilo de Portugal.