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Antes de pousares as tuas malas em Portugal, vacinas, mosquitos & outras alegrias médicas

Antes de pousares as tuas malas em Portugal, vacinas, mosquitos & outras alegrias médicas

Par Laure Rebois

Então é isso, decidiste largar tudo pelo sol português, pelas sardinhas assadas e pelo café a 80 cêntimos. Excelente escolha. Mas antes de te imaginares a saborear o teu vinho verde numa esplanada de Lisboa, há um pequeno detalhe que convém não esqueceres: a tua saúde. Sim, eu sei, é menos sexy do que as falésias do Algarve, mas acredita, mais vale tratares das tuas vacinas antes que sejam elas a tratar de ti.

As vacinas obrigatórias (e aquelas que te aconselham vivamente)

Comecemos pela boa notícia: nenhuma vacina é obrigatória para entrar ou viver em Portugal. Nada de picadelas no aeroporto, nem controlos dignos de um filme de ficção científica.

Mas… (porque há sempre um “mas”)… algumas vacinas básicas são fortemente recomendadas, especialmente se pensas ficar algum tempo ou aventurar-te fora dos circuitos turísticos.

Aqui vai a checklist de saúde do novo expat português. Vacinação universal em dia, portanto difteria, tétano, poliomielite (o famoso DTP). Se o teu último reforço foi na era dos walkman, está na altura de o repetires. Tosse convulsa e hepatite B, incluídas no esquema vacinal básico, mas confirma na mesma, porque a tosse convulsa não é só um nome engraçado. Sarampo, papeira, rubéola (VAS), se nasceste antes dos anos 80, podes precisar de uma pequena atualização. Hepatite A, recomendada se tencionas comer por todo o lado, o tempo todo (e tu vais fazê-lo, não mintas). Uma ostra maldisposta ou um petisco duvidoso podem arruinar-te a estadia num instante. Febre tifóide, mais para quem vai ficar muito tempo ou viver no campo, mas nunca se sabe.

Enfim, uma visita rápida ao teu médico antes de partir, o boletim de vacinas desempanado, e estás pronto para enfrentar o mundo (ou pelo menos a esplanada do café da esquina).

Portugal não é uma selva tropical (mas às vezes parece)

Tendemos a imaginar que a Europa é tranquila no que toca a bicharada. E no geral, é verdade. Mas nos últimos anos, o mosquito tigre decidiu que também queria férias em Portugal.

Portanto, já houve alguns casos de dengue autóctone no sul do país, nomeadamente na região do Algarve e na Madeira (a dengue tem bom gosto, gosta de sítios bonitos).

Moral da história => Leva um repelente forte (daqueles que cheiram um bocadinho a napalm, sim), usa roupa comprida à noite e evita transformar-te num buffet ao ar livre ao pôr do sol.

De resto, nada de malária, nem febre amarela, nem cobras assassinas: só um pouco de bom senso e um spray anti-mosquitos, e deves safar-te.

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Sol português, felicidade ou insolação?

O verdadeiro perigo aqui não é a raiva (ainda existe, um pouco, em alguns animais selvagens), mas sim o sol. Portugal não é “quente”, é “derretido de quente” no verão.

Pensas que o teu bronze vai ficar sublime, mas na realidade vais descobrir o tom “lagosta rosada” e as alegrias da pomada Biafine.

Algumas regras de sobrevivência: usa protetor solar fator 50, sem discussão, um chapéu (mesmo que o aches piroso) e a hidratação é o ponto número um, porque a Super Bock não conta.

E atenção, o sol queima mesmo quando o vento sopra: é, aliás, o truque português número um. Não sentes nada, mas estás a assar. E acredita, já fiquei esturricado em pleno abril, com um sol tímido. As piores queimaduras da minha vida.

© ethan robertson - unsplash

Médicos, hospitais e pequenos males

Ficarás feliz por saber que o sistema de saúde português é bastante bom, um pouco mais lento do que o francês às vezes, mas eficaz.

Os cuidados básicos são acessíveis e, se és cidadão europeu, podes usar o teu cartão europeu de seguro de doença (CESD) para seres atendido sem ficares falido.

Mas, para te instalares de forma duradoura, lembra-te de subscrever um seguro de saúde local ou internacional (os prazos do público podem ser longos), escolher um médico de família assim que tiveres o teu número de segurança social português.

E para os pequenos males? As farmácias portuguesas são instituições. Vais reconhecer as cruzes verdes a piscar em todas as esquinas. O farmacêutico aconselhar-te-á de bom grado um spray, uma pomada ou uma infusão milagrosa, tudo com um sorriso e um sotaque encantador.

Comida, água e outras fontes de aventuras digestivas

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Boa notícia, a água da torneira é potável em todo o país. Nada de carregar garrafões de Cristaline como se fosses para uma expedição.

Quanto à comida, Portugal é um paraíso para os gulosos, mas atenção, há algumas armadilhas: o marisco é excelente, mas por vezes um pouco traiçoeiro. Evita as ostras no pico do verão; os pratos fartos (feijoada, cozido, bacalhau com natas…) são deliciosos, mas cuidado com o colesterol e com a sesta obrigatória depois da refeição. E por fim, o café é tão forte que podia ressuscitar uma estátua, doseia-o com prudência no início.

Pequenos bónus de saúde, as coisas em que ninguém pensa

Alergias? Portugal também é o país do pólen e das oliveiras. Se és do tipo que espirra só de olhar para uma flor, leva os teus anti-histamínicos.

Animais de estimação: se vieres com o teu gato ou cão, precisas de um passaporte europeu para o animal, um chip eletrónico e as vacinas em dia (incluindo a da raiva).

Vacina contra a gripe: útil se ficares no inverno, as casas portuguesas nem sempre são muito bem isoladas e um resfriado apanha-se num instante.

Então é fácil ir e ficar em Portugal!

Instalar-te em Portugal é uma aventura solar e deliciosamente descontraída. Mas por detrás do charme dos azulejos e dos pores-do-sol, há uma realidade: o corpo, esse, tem de acompanhar.

Um pequeno check-up, uns reforços de vacinas, um anti-mosquito fiel e um bom protetor solar, e estás pronto para viver a tua melhor vida lusitana.

E olha, entre nós, mais vale uma pequena picadela em França do que uma grande chatice no hospital de Faro em pleno agosto, não achas?

L.R.