
Quando verte a sua dose matinal de café, lembre-se de que por trás de cada chávena se esconde muitas vezes uma história. E a história de que vou falar hoje não é outra senão a da Delta Cafés, e é particularmente saborosa ! Num tom urbano, próximo e com um toque de humor (porque sim, até o café pode ter estilo), partimos numa viagem de Campo Maior (Alentejo) aos cafés do mundo inteiro.
O início modesto da aventura
Estamos em 1961. Rui Nabeiro, um jovem empreendedor de apenas 30 anos, abre um armazém de 50 m² na pequena cidade de Campo Maior, situada no sudeste de Portugal. Dois torradores de 30 kg cada um. Três funcionários. Um sonho na cabeça…
Imagina-se o ambiente : o pó de café no ar, o cheiro da torra, o som das máquinas e a vontade fervorosa de conquistar o mercado ! Pouco orçamento, mas um grande combustível : a paixão. Muitas vezes, pensamos nos gigantes que começam com pompa e circunstância. Aqui, nada de startups modernas com open-space e matraquilhos, mas sim uma garagem, café e um sonho. E isso já é o começo de um mito.
A ascensão, quando o pequeno grão se torna XXL
Alguns marcos assinalam a evolução. Nos anos 70-80, a empresa estrutura-se, investe e divide-se entre a atividade industrial e a comercial. Depois, em 1984, nasce a Novadelta em Campo Maior, então a maior fábrica de torrefação da Península Ibérica na época. Pois é, de uma torrefação num armazém de 50m² a uma fábrica gigante : dá literalmente muito grão para moer ! No final dos anos 1999-2000, a marca torna-se líder em Portugal, com uma quota de mercado próxima de 40 % (ou mais).
E enquanto o café torrado estala, a marca cultiva um slogan que se tornaria quase uma filosofia : “Um cliente, um amigo”. Sim, um amigo ! Porque por trás do grão, colocaram o humano.
Hoje, internacionalização, inovação e café conectado
Já não estamos só em Campo Maior : a Delta Cafés está presente em mais de 40 países. E a inovação ? Depois de décadas a dominar a arte da torrefação clássica, lançaram-se na era das cápsulas com a Delta Q, para concorrer com os gigantes do “coffee-tech”. Hoje, num apartamento em Lisboa, Barcelona ou no Brasil, alguém pode inserir uma cápsula Delta Q, fechar os olhos… e voltar (ou quase) ao pequeno armazém de 1961. É essa continuidade que torna a história tão bonita.

Alguns grãos de humor e curiosidades saborosas
Se pensa que “pequena empresa familiar” é sinónimo de “cheiro a lareira”, desengane-se : a empresa emprega hoje milhares de pessoas e é um grupo com dezenas de filiais.
O fundador, Rui Nabeiro, faleceu em 2023. E não estamos a falar de alguém cujo retrato se pendura apenas no hall : foi um verdadeiro pilar, reconhecido a nível nacional.
A ligação entre café e inovação é real : lançaram, por exemplo, uma máquina doméstica de design em parceria com Philippe Starck (sim, o designer super trendy). Para quem quer saborear o espresso como se estivesse numa galeria de arte.
E agora, porque é que esta história nos encanta tanto ?
Porque fala connosco ! Não é apenas uma história de números, é uma marca que permanece fiel a si mesma, aos seus valores de proximidade e às suas raízes alentejanas. Mesmo quando exporta para a China ou para os Estados Unidos. Além disso, a marca está comprometida com o desenvolvimento sustentável, a agricultura responsável e práticas sociais. Porque sim, beber o seu café com consciência é ainda melhor ! Da próxima vez que verter a sua dose de Delta, pare dois segundos. Pense nesse pequeno armazém de 50m², no cheiro do grão torrado, em Campo Maior. Pense no que pode ser um sonho com uma boa dose de cafeína e muito trabalho.
E sorria : por trás da sua chávena fumegante esconde-se mais do que um simples momento de pausa. Há uma empresa familiar que ousou. Uma marca que quis. Uma aventura que continua. Porque afinal de contas : o mundo pode girar depressa, mas o café… merece que se lhe dedique tempo. Saúde, e boa chávena !
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