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Os Famosos “Miradouros” de Lisboa

Os Famosos “Miradouros” de Lisboa

Par Pedro Alves

Estes 10 miradouros espetaculares!

Para começar, Lisboa é uma cidade de colinas e de luz. Erguida sobre sete alturas que descem em direção ao Tejo, desenvolveu uma verdadeira cultura do panorama: a dos miradouros, varandas urbanas onde se pára para respirar, observar, conversar, sonhar — ou até fazer exercício. Não são apenas pontos de vista, são espaços de vida, muitas vezes com um quiosque, bancos à sombra, um jardim, e às vezes um músico que se sintoniza com o ritmo da cidade. Em cada um deles, temos a sensação de que o mundo inteiro marcou encontro ali… É uma atmosfera, uma experiência indescritível. Passear de miradouro em miradouro é como ler Lisboa como um livro aberto, página após página, do nascer ao pôr do sol.

Este roteiro apresenta dez miradouros emblemáticos que, juntos, nos oferecem Lisboa como presente. Para cada um, indicamos o ambiente, os melhores momentos, uma dica prática e, quando faz sentido, uma paragem próxima para prolongar a experiência. Vamos?


1. Miradouro de Santa Luzia — o romântico íntimo de Alfama

No coração de Alfama, Santa Luzia encanta pelo seu jardim florido e pelos painéis de azulejos que contam a conquista de Lisboa. Sob as pérgolas cobertas de buganvílias, abre-se a vista sobre os telhados vermelhos, as cúpulas e o Tejo cintilante.

Melhor momento: De manhã cedo, quando o bairro desperta, ou logo após a chuva, quando a luz lava as fachadas e o cheiro da terra molhada nos faz inspirar fundo — aquela sensação boa de “que bem que sabe…”

Ambiente: Suave, quase confidencial; por vezes há guitarristas a tocar fado ao ar livre. E se não houver, a melodia toca dentro da cabeça.

Perto: Desce duas ruelas até à Sé Catedral ou perde-te nas escadinhas de Alfama. Na verdade, em Alfama nunca nos perdemos — reencontramo-nos sempre.


2. Miradouro das Portas do Sol — o postal vivo

A poucos metros, o Portas do Sol é o cenário mais fotografado de Lisboa. É a Mona Lisa do bairro! (Sem vidro nem seguranças.) Artistas de rua, esplanadas, o mosteiro de São Vicente no horizonte e, ao longe, os navios de cruzeiro no rio. Que bom que se está ali!

Melhor momento: No final da manhã, pelo jogo de luz e sombras nas ruelas de Alfama. Ou a qualquer hora — é aposta ganha.

Ambiente: Animado e cosmopolita, perfeito para sentir a energia da cidade.

Dica: Se gostas de fotografar, vem ao amanhecer — o lugar será quase só teu. Para o mesmo ambiente num sábado de primavera ao fim do dia… só se houver greve nacional, mas os portugueses trabalham sempre. 😉


3. Miradouro da Graça (Sophia de Mello Breyner) — a convivialidade nas alturas

Pode chegar-se a pé (aviso: sobe bem!) ou apanhando o elétrico 28. Os outros não vão, por isso nem vale a pena. Jardins, bancos, um quiosque onde se bebe uma imperial, uma Água das Pedras ou um café — tudo convida a abrandar o ritmo. O olhar percorre o Castelo de São Jorge, a Baixa e o ponte 25 de Abril.

Melhor momento: Ao pôr do sol — a luz dourada desenha a linha do horizonte. De tirar o fôlego.

Ambiente: Lisboeta, descontraído; vem-se tanto pela vista como pela conversa.

Perto: A igreja e o convento da Graça, e ruelas com azulejos inesperados. Abre bem os olhos — cada canto pode esconder uma surpresa.


4. Miradouro da Senhora do Monte — o grande ângulo absoluto

Mais alto ainda, o Senhora do Monte oferece um dos panoramas mais completos de Lisboa: colinas, castelo, centro, rio, pontes — tudo à vista. Se perdeste alguém na cidade, é um bom sítio para procurar!

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Melhor momento: Final da tarde e à noite — as luzes desenham Lisboa como uma constelação. Imperdível.

Ambiente: Calmo, ideal para fotógrafos, sonhadores, desenhadores e apaixonados.

Dica: Depois da chuva e com o céu limpo, a visibilidade é excecional.


5. Miradouro de São Pedro de Alcântara — a elegância do Bairro Alto

Um jardim em socalcos, com fonte, sebes bem aparadas e, em frente, a colina do castelo. De dia ou de noite, é um ponto de encontro no Bairro Alto: músicos, estudantes, flâneurs.

Melhor momento: No início da noite, antes do jantar no Bairro Alto ou no Chiado.

Ambiente: Boémio e chique.

Perto: O Elevador da Glória sobe até aqui — prático se vieres da Baixa.


6. Miradouro do Castelo de São Jorge — a história em 360°

O castelo é, ele próprio, um miradouro monumental. Das muralhas, abarca-se a cidade inteira. É o lugar onde a paisagem e a história se fundem: as pedras medievais sob os pés, a Lisboa moderna no horizonte.

Melhor momento: De manhã, quando há menos gente. Sim, repito isto muitas vezes, mas apaixona-se tão rápido por esta cidade que dá vontade de tê-la só para nós.

Dica: O bilhete dá acesso a várias torres — explore com calma e varie os ângulos. Já que cá estás, aproveita.


7. Miradouro do Parque Eduardo VII — a perspetiva real

No topo da Avenida da Liberdade, o parque estende um tapete verde até ao rio. As sebes geométricas guiam o olhar até à Baixa e depois ao Tejo. Um pulmão verde, perfeito para correr, ler ou fazer um piquenique — ou simplesmente ver os outros a fazê-lo. Não fazer nada também é bom, não é?

Melhor momento: No final da tarde, com a luz dourada a envolver a paisagem.

Ambiente: Familiar e desportivo.

Perto: A Estufa Fria é um refúgio de frescura e plantas exóticas — a visitar!


8. Miradouro de Santa Catarina (Adamastor) — a alma boémia virada para o Tejo

Na colina de Santa Catarina, a estátua do Adamastor recorda a mitologia dos Descobrimentos. A vista abarca a ponte 25 de Abril, os cais e os navios de cruzeiro.

Melhor momento: Ao pôr do sol, com o céu em chamas. Vais ter de escolher entre os vários pores do sol — a não ser que fiques vários dias… Mas vais voltar, não vais?

Ambiente: Jovem e livre; guitarras, cadernos de desenho, amigos e conversas que se prolongam. Tranquilo.

Dica: Leva um casaco leve — mesmo no verão, a brisa do rio pode surpreender. E se o esqueceste, temos também artigos sobre farmácias em Portugal! 😉

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9. Miradouro do Elevador de Santa Justa — o ícone neogótico

Obra de engenharia de Raoul Mesnier (inspirado em Eiffel), o elevador liga a Baixa ao Bairro Alto. No topo, a passerelle conduz a uma plataforma com vista sobre o Rossio, o Carmo e os telhados apertados do centro.

Melhor momento: De manhã cedo, para evitar a fila. E se adoras filas, vem ao fim da manhã num dia de sol — alegria garantida.

Ambiente: Postal técnico; a viagem na cabine de madeira faz parte da magia.

Perto: O Convento do Carmo e as suas ruínas góticas a céu aberto.


10. Miradouro do Cristo Rei (Almada) — a cidade frente a frente

Do outro lado do rio, o santuário do Cristo Rei domina a margem sul. Inspirada no Rio de Janeiro, a estátua oferece uma vista frontal sobre Lisboa: ponte, centro, colinas e, ao longe, o oceano.

Melhor momento: De manhã (com a luz atrás de ti) ou ao entardecer (contra-luz dramático).

Acesso: Barco de Cacilhas (a partir do Cais do Sodré) + autocarro, ou carro pela ponte.

Dica fotográfica: Uma teleobjetiva destaca os detalhes arquitetónicos da Baixa.


Como organizar a tua “volta” pelos miradouros (e poupar as pernas)

Lisboa é fisicamente exigente: sobe, desce e faz doer as pernas. Para evitar o cansaço, organiza o dia em dois percursos:

Rota da manhã (Alfama–Graça): Santa Luzia – Portas do Sol – Graça – Senhora do Monte – Castelo.
Apanha o elétrico 28 num troço para poupar energia e toma o pequeno-almoço em Alfama (sugestão: pastel de nata + café).

Rota da tarde/noite (Chiado–Bairro Alto–Cais do Sodré): São Pedro de Alcântara – Santa Justa – Santa Catarina – Parque Eduardo VII (ou ao contrário, conforme a luz).
Um aperitivo no quiosque de São Pedro de Alcântara e termina no Adamastor ao pôr do sol.

Cristo Rei: Reserva meio dia — a vista vale bem o desvio.


Dicas práticas rápidas

  • Calçado: Usa solas antiderrapantes — a calçada portuguesa pode ser escorregadia.
  • Sol & vento: A brisa do Tejo é traiçoeira; chapéu e roupa leve recomendados.
  • Transporte: Combina caminhada + elétrico + elevadores (Glória, Bica) para poupar energia.
  • Segurança: Lisboa é segura, mas tem atenção aos carteiristas nas zonas turísticas — como em todo o lado.
  • Respeito: Alguns miradouros ficam junto a casas; evita música alta à noite e preserva o sossego. As cidades turísticas também são lugares onde outros vivem e trabalham para te proporcionar uma boa estadia.

Porque é que os miradouros são a alma de Lisboa?

Os miradouros não são apenas cenários para fotografias. Contam a relação orgânica da cidade com o rio e a sua topografia. Explicam esta doçura de viver lisboeta: a pausa, a conversa, o tempo que corre devagar. São também espaços de encontro: idosos do bairro, casais, crianças, viajantes, artistas — todos olham na mesma direção, literalmente para o horizonte, e partilham, por alguns minutos, a mesma emoção. E faz bem sentir essa união num mundo que, por vezes, parece tão dividido.

E talvez seja essa a verdadeira chave: em Lisboa, olha-se em conjunto. Aprende-se a levantar os olhos e a deixar-se envolver por uma luz que muda constantemente. De miradouro em miradouro, a cidade revela-se — respira.

P.A.

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