
O mistério dos passeios em mosaico, uma invenção portuguesa copiada em todo o mundo
Ah… esses passeios portugueses ! Sabem, aqueles que vos fazem caminhar de cabeça baixa em Lisboa ou no Porto… não porque estejam distraídos(as), mas porque são simplesmente lindos (e perigosos se estiverem de saltos altos !) Essas pequenas pedras brancas e pretas, às vezes em espiral, outras em forma de onda, e por vezes tão escorregadias que mereciam uma placa a dizer “atenção, obra de arte perigosa”. Sim, sabem bem do que estou a falar : a famosa calçada portuguesa.
Pisamo-la todos os dias, muitas vezes sem pensar muito nisso, mas por trás destas pedras esconde-se uma história fascinante, um toque de arte… e um orgulho nacional. Porque sim, senhoras e senhores, estes passeios não vieram de fora : nasceram em Portugal, e desde então conquistaram o mundo inteiro (sim, é um motivo de orgulho, claramente !)
Uma invenção nascida de um leão (mesmo !)
A história começa em 1842, em Lisboa, num lugar tão português quanto emblemático : o Castelo de São Jorge (que de certeza conhecem). Na altura, o governador militar, um certo general Eusébio Furtado, decidiu mandar pavimentar o pátio do castelo com um padrão inspirado… nas pegadas de um leão ! Sim, leram bem. A ideia ? Usar pequenas pedras de calcário branco e preto para desenhar no chão. O resultado ficou tão bonito que a cidade decidiu estender o conceito a outras ruas. E… TADAM (sim, o “tadam” da Netflix se quiserem), nascia a calçada portuguesa !
Alguns anos mais tarde, os passeios da Baixa lisboeta exibiam já as suas famosas ondas pretas e brancas, que hoje nos fazem lembrar Copacabana. E é aí que percebemos que… sim, Portugal inventou algo que o mundo inteiro iria copiar sem vergonha. (Mas com muito bom gosto, diga-se de passagem.)
Do Tejo a Copacabana, a estrela internacional dos passeios
Porque a calçada portuguesa atravessou rapidamente o oceano ! Primeiro, claro, para o Brasil, onde os calceteiros portugueses deram nova vida a esta arte no Rio de Janeiro, na famosa avenida de Copacabana. Essas ondas pretas e brancas, imortalizadas em milhões de fotografias de turistas, são na verdade uma criação 100% portuguesa, copiada do desenho original lisboeta.
Mas a calçada não ficou por aí… conquistou o mundo inteiro : há exemplos em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Macau, e até em Paris ou São Francisco, onde alguns arquitetos se inspiraram neste verdadeiro “design de chão” português. Prova de que, quando os portugueses exportam, não é só vinho ou bacalhau !

Uma arte autêntica (e um ofício em risco de desaparecer)
O que é importante saber é que cada mosaico é feito e colocado à mão. Sim, à mão. Pedra por pedra, uma a uma, por artesãos conhecidos como calceteiros. E acreditem, é um verdadeiro trabalho artístico : martelo numa mão, pedra na outra, bom olho para o desenho e toneladas de paciência.
A sua ferramenta preferida chama-se marreta, um pequeno martelo de duas pontas usado para talhar as pedras. E os materiais ? Calcário branco e basalto preto, que contrastam de forma deslumbrante sob o sol português.
Mas hoje, este saber-fazer está a desaparecer. Muitos jovens já não querem seguir esta profissão, exigente (não é fácil passar o dia de joelhos !) e mal paga. Resultado : algumas cidades substituem a calçada por cimento (sacrilégio !) para desespero dos puristas…
Entre beleza e perigo público
Ah, falemos do “pequeno” defeito destes passeios : escorregam. E não é pouco ! Sobretudo quando chove ! Lisboa transforma-se então numa autêntica pista de gelo ao ar livre, e percebe-se rapidamente porque é que os lisboetas andam devagar, de olhos colados ao chão. (Dica : evitem solas lisas e, por favor, não corram atrás do elétrico 28 à chuva… a menos que gostem de acrobacias involuntárias !)
Apesar disso, é impossível ficar zangado com eles. Estes passeios fazem parte da alma de Portugal, tal como os azulejos nas paredes. Contam a história do país, as suas ondas, as suas descobertas, o seu sentido de elegância… até debaixo dos nossos pés.
Desenhos que falam português
O mais bonito na calçada é que está em todo o lado, mas nunca é igual ! Em Lisboa, há motivos marinhos : âncoras, peixes, ondas. No Porto, rosáceas e padrões geométricos ; em Coimbra, símbolos universitários. Cada cidade conta a sua história através das pedras.
E se tiverem um olhar curioso, reparem bem durante os vossos passeios : alguns pavimentos escondem símbolos maçónicos, religiosos, ou até iniciais deixadas discretamente pelos artesãos. Um verdadeiro museu ao ar livre, gratuito e muitas vezes ignorado (até tropeçarmos nele, sejamos honestos !).
Um património a proteger
Boas notícias : algumas autarquias decidiram agir ! Lisboa, por exemplo, lançou programas de formação para novos calceteiros, para que esta arte não desapareça. Há até associações que lutam para que a calçada portuguesa seja reconhecida como Património Cultural Imaterial, e sinceramente, só podemos aplaudir. Porque poucos países têm passeios tão bonitos como uma pintura.
Um último conselho (e um piscar de olho)
Da próxima vez que caminharem numa rua portuguesa, levantem os olhos para admirar os azulejos… e depois baixem-nos para admirar a calçada. Tirem uma foto, claro, mas observem de verdade : é um bocadinho da história de Portugal, pedra a pedra, mão após mão.
E se escorregarem um pouco ? Bem, pensem que acabaram de participar na experiência portuguesa completa : beleza, emoção… e um pequeno desequilíbrio, sempre com elegância (ou não, se forem desastrados(as) como eu !) Então sim, estes passeios são às vezes traiçoeiros, mas confessem : nenhum outro país vos faz levantar (e baixar) tanto a cabeça enquanto caminham. Isso é certo !
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