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Os queijos portugueses incontornáveis :  Serra, Azeitão, São Jorge…

Os queijos portugueses incontornáveis : Serra, Azeitão, São Jorge…

Convenhamos : quando se pensa em Portugal, pensa-se primeiro no vinho, no bacalhau, nos pastéis de nata… mas raramente no queijo… E no entanto ! Este pequeno país esconde um património queijeiro de uma riqueza incrível. Das montanhas da Serra da Estrela às ilhas dos Açores, cada região tem a sua joia cremosa, intensa ou curada, para saborear com um copo de vinho local (obviamente). Aliás, sabia que Portugal ganhou o prémio do World Cheese Awards 2024 ? Então hoje, pousamos a tábua, tiramos a faca, e partimos para um passeio gourmet (e queijeiro) por Portugal… a mais derretida das aventuras !

Serra da Estrela, o rei cremoso das montanhas
Comecemos pelo mais nobre : o Queijo da Serra da Estrela, verdadeiro rei dos queijos portugueses ! Nascido no coração do país, nas montanhas nevadas da Serra da Estrela, este queijo de leite de ovelha é um monumento nacional (e não apenas no sentido figurado).

A sua particularidade ? É coalhado não com coalho animal, mas com uma flor de cardo selvagem e sim, é uma técnica ancestral que lhe dá esse sabor único, ligeiramente vegetal e terrivelmente viciante ! Quando o cortamos, o coração cremoso escapa-se lentamente… E aí, atenção, é uma prova de vontade. Porque é preciso esperar um pouco antes de mergulhar a colher (sim sim pode mesmo comê-lo à colher, não é uma metáfora !).

Descobri o Queijo da Serra indo diretamente ao local (tinham-me dito que era bom, eu só quis confirmar pessoalmente !), numa loja de queijos situada nas encostas da montanha (a poucos metros das pistas) e sinceramente foi uma experiência completa (com o cenário montanhoso e a neve a condizer), ainda melhor. Saboroso, cremoso… é o tipo de experiência gastronómica que nos reconcilia com o inverno.

Azeitão, pequeno mas poderoso
A alguns quilómetros de Lisboa, entre colinas e vinhas, esconde-se outro tesouro : o Queijo de Azeitão. Pequeno, redondo, macio no ponto certo, este queijo de leite de ovelha cru é uma maravilha de carácter. Também é coalhado com a flor de cardo, como o seu primo da Serra da Estrela, mas tem uma textura mais densa, mais fina, e um sabor mais pronunciado.

Diz-se muitas vezes que é “o queijo de quem não tem medo do sabor” e é verdade. O ritual é sempre o mesmo : retira-se delicadamente o tampo da crosta, mergulha-se a colher, e barra-se generosamente sobre uma fatia de pão ainda morno (a palavra moderação não existe aqui, desculpem !). O Queijo de Azeitão é aliás um dos raros queijos portugueses com denominação de origem protegida. Os produtores locais ainda o fazem à mão, em oficinas que cheiram a leite quente e a palha. E sinceramente, se passar pela região, pare. Mesmo um amante de camembert deixaria-se convencer.

São Jorge, a alma dos Açores
Rumo ao Atlântico, agora ! Pois é na ilha de São Jorge (no coração dos Açores) que nasce um queijo que não fica atrás dos melhores cheddars ingleses : o Queijo de São Jorge. Produzido a partir de leite de vaca cru, é curado durante vários meses, às vezes até dois anos, em caves húmidas varridas pelo vento marítimo. Resultado : uma massa firme, ligeiramente granulosa, e um sabor forte, salgado, quase picante, uma verdadeira chapada de sabor ! É o queijo do mar, dos marinheiros e dos lavradores. Come-se muitas vezes em cubos, com um pouco de pão escuro e um copo de vinho tinto dos Açores. Alguns até o ralam sobre massas, como se fosse parmesão (e sinceramente, é uma ideia genial !).

Se gosta de queijos de carácter, é este que precisa. Tem o sabor da viagem, do vento, e de um Portugal insular que não se deixa esquecer.

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Rabaçal, Nisa, Évora… as outras estrelas discretas
Portugal está repleto de queijos menos conhecidos, mas igualmente deliciosos.

O Queijo de Rabaçal, por exemplo, é um segredo bem guardado da região de Coimbra. Feito a partir de uma mistura de leites de ovelha e cabra, tem uma textura firme e um sabor subtil, ligeiramente herbáceo. Combina perfeitamente com um vinho branco seco ou uma compota de figo (garanto-lhe, a combinação resulta na perfeição).

O Queijo de Nisa, por sua vez, vem do Alentejo. É forte, quase apimentado, com uma crosta dourada e um aroma intenso, um queijo com carácter, como as paisagens do sul.

E depois há o Queijo de Évora, mais seco, muitas vezes vendido em pequenas bolas redondas. Degusta-se como aperitivo, cortado em fatias finas e regado com um fio de azeite. É simples, rústico, e absolutamente irresistível.


Portugal, este país que vive ao ritmo do queijo
O que impressiona ao percorrer o país é ver o quanto o queijo faz parte do quotidiano. De manhã, põe-se no pão. Ao almoço, mete-se nos sanduíches. À noite, reina na mesa, acompanhado por um copo de vinho e algumas azeitonas. E entre uma refeição e outra, petisca-se um pedaço “só para provar” (sabemos bem como é).

Em Portugal, o queijo não é um luxo. É uma evidência. Está presente nas tascas como nos restaurantes estrelados, nas festas populares como nos piqueniques à beira-mar. Se já comeu num restaurante português, certamente foi recebido com um tabuleiro e alguns queijos para provar de entrada ! (vá lá, sabe exatamente do que estou a falar).

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Mas também oferece-se. É um presente típico quando se visita alguém, uma forma de dizer “gosto de ti, toma, prova isto”.

Pequena lição de degustação
Se quer provar os queijos portugueses “como um local”, aqui vão alguns conselhos.

  • Esqueça os crackers. Aqui, come-se o queijo com pão verdadeiro, muitas vezes pão de milho ou pão rústico.
  • Adicione um pouco de doce. O de figo ou de marmelo é um grande clássico, e acredite, muda tudo.
  • Sirva-o à temperatura ambiente. Tirar o queijo do frigorífico dez minutos antes é bom. Meia hora é melhor.
  • E sobretudo, vá com calma. Um bom queijo português saboreia-se devagar, com os dedos, enquanto se refaz o mundo.

Ah, e um último detalhe : se alguém lhe disser que não gosta de queijo português, é simplesmente porque ainda não provou o certo ! É a oportunidade perfeita para o fazer mudar de ideias.

Uma ode ao terroir e à convivialidade

Cada queijo de Portugal conta uma história. A de um território, de um clima, de uma mão experiente que aprendeu a transformar o leite em felicidade. É um património vivo, feito de gestos simples e de paciência. Nada de sofisticado, nada de pretensioso. Apenas sabor autêntico, verdadeiro saber-fazer.

E digamos francamente : um país que faz queijos tão bons, com tanta diversidade, merece tanto amor quanto os seus vinhos ou as suas pastelarias.

Então, da próxima vez que fizer compras em Portugal, não leve apenas vinho verde e pastéis de nata. Leve também um pedaço de Queijo da Serra da Estrela, uma pequena tomme de Azeitão ou um São Jorge curado. E quando os provar, feche os olhos. Verá as montanhas, o mar, os pastos, os rostos sorridentes. Portugal num só pedaço, simplesmente (bonito, não é ?)


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