
Pão de Ló
O bolo fofo das festas portuguesas
Há em todas as famílias portuguesas um bolo que sai do forno como um sol: o pão de ló. Dourado, leve, macio, anuncia sempre algo de alegre. É o bolo dos domingos de roupa bonita, das mesas demasiado cheias e das tias que te abraçam com força a dizer que já cresceste.
Os ingredientes da felicidade (e da festa)
- 6 ovos (dos verdadeiros, não daqueles com gosto a frigorífico)
- 200 g de açúcar
- 150 g de farinha
- Uma pitada de sal
- Um pouco de raspa de limão (opcional, mas desperta as memórias)
Preparação da doçura (e um pouco de paciência)
- Começa por bater a alegria: parte os ovos e bate-os com o açúcar até que a mistura fique pálida, leve, espumosa, enfim, viva.
- Adiciona a farinha, devagarinho, como se embala-se a infância. Incorpora-a aos poucos, sem quebrar a espuma. O segredo da leveza está aí: na ternura do gesto.
- Um pouco de raspa de limão, uma pitada de sal e já estás transportado para uma cozinha que cheira a festa e a toalha engomada.
- Deita a massa numa forma forrada com papel vegetal, bem subido nas bordas ; é isso que dá ao bolo aquela bonita saia acastanhada quando coze.
- Leva ao forno a 180°C durante 25 a 30 minutos. O exterior deve ficar dourado, quase seco, e o centro ainda a tremer, um pouco como as emoções que escondemos sob o sorriso dos grandes encontros de família.

A lembrança que fica no paladar
O pão de ló, lá em casa, é o cheiro do domingo de Páscoa. O tilintar dos pratos, o sol a bater nas cortinas e a minha avó a vigiar o forno como se fosse um segredo de Estado.
Quando o tirava, dizia sempre:
“É preciso deixá-lo respirar, como as pessoas que amamos.”
A servir com um café bem forte, uma conversa sobre a chuva e os vizinhos, e aquele pequeno orgulho português que diz: “Ninguém bate os nossos bolos, nem sequer os franceses.”
Cozinhar é… dourado, leve e um pouco sentimental.
L.R.




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